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Frete tabelado encarece agronegócio 4l6u44

Como pode o setor que mais contribui para a economia nacional, com 23,5% do PIB (R$ 6.6 trilhões) ser o mais atingido por ideologias, interesses políticos e mercadológicos nocivos? A resposta pode não ser única por conta de medidas governamentais que sufocam o setor por diversos ângulos. 2k4e37

O tabelamento de fretes, por exemplo. Depois de muito vai e vem, o governo federal aprovou uma tabela criada depois da greve do setor de transportes que parou o Brasil por 10 dias, em maio deste ano.

Os números dos impactos do tabelamento, já; em vigência desde 30 de maio, nos índices de inflação são prova da força negativa da medida na economia.

O IPC Fipe de junho para o setor de alimentação foi de 3,14%. Em abril havia sido negativo em -0,10%. No setor de transportes, o IPC em junho foi de 1,01%, tendo sido 0,05% em abril. Já; o IPCA-15 do IBGE trouxe índices de 2,03% e 1,58% para os setores de alimentação e transportes. Ainda em abril tais índices foram abaixo de 0,1%. Não se pode subestimar tais impactos para o controle inflacionário brasileiro, nem tampouco afirmar, levianamente, que os ajustes inflacionários já; ocorreram e são coisa do ado. Considerando que a Medida Provisória estabelece que os preços serão revisados semestralmente e, não havendo publicação de nova tabela, essa será; corrigida para cima pelo IPCA, o que deve gerar ainda mais inflação.

O tabelamento de frete trouxe danos irreparáveis para a comercialização da safra 2017/18. O mercado de grãos ficou o mês de junho inteiro sem negócios. A segunda safra de milho está; em plena colheita e o produtor não sabe ainda onde vai estocar sua produção. As exportações de milho, devido ao represamento da produção, cairão, pelo menos, 10%, sem qualquer benefício ao produtor de frango e suíno no mercado interno. A segunda safra de feijão será; severamente comprometida, pois os preços despencaram pela falta de demanda pelo produto. Os custos de frete dispararam. Os laticínios estão pagando 40% mais caro para buscar leite no produtor. A indústria de soja está; movimentando produtos pagando fretes 30% mais altos. 

Mas, o pior ainda está; por vir. A próxima safra de grãos precisa ser plantada, por força de um calendário climático, entre setembro e novembro deste ano. Não se faz uma safra de mais de 200 milhões toneladas sem fertilizantes. O tabelamento de fretes não só impediu o produtor rural de comprar fertilizantes no calendário correto, como também está; impondo custos muito mais altos. A safra a ser colhida em 2019 terá; custos de produção muito mais altos, o que pressionará; os preços dos alimentos. Além disso, na perspectiva de maiores custos e incapacidade de adquirir o fertilizante necessário, a produção vai cair. Quem pagará; essa conta é o consumidor.

JP News, 14/07/2018

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