Concorrência por fosfato e o setor de fertilizantes em alerta com a ascensão da mobilidade elétrica x1r45

O avanço global da eletrificação veicular, impulsionado por metas de descarbonização de grandes blocos econômicos como a União Europeia (que presenciou um recorde de 17 milhões de unidades híbridas vendidas em 2024 e projeta aquecimento para 2025), acende um sinal de alerta no mercado de fertilizantes fosfatados. A correlação reside na crescente demanda por ácido fosfórico, um componente crucial nas baterias de veículos elétricos e, simultaneamente, matéria-prima essencial para a produção de fertilizantes como MAP e DAP. 4j7164
A China, protagonista tanto na produção quanto no consumo global de fertilizantes (especialmente nitrogenados e fosfatados), também lidera a fabricação de veículos elétricos e híbridos. Essa dupla proeminência tem reconfigurado o fluxo de ácido fosfórico, desviando volumes antes destinados ao setor agrícola para atender à crescente indústria de baterias.
Essa dinâmica explica a estratégia chinesa de restringir as exportações de fertilizantes desde o final de 2023, inicialmente visando a segurança do abastecimento doméstico. A medida culminou com um bloqueio total das exportações de fosfatados em dezembro de 2024, com uma expectativa de retomada, agora incerta, para o segundo trimestre de 2025.
Impacto no Brasil: Dependência Externa e Pressão de Custos
Para o Brasil, que importa cerca de 90% dos fertilizantes utilizados em sua agricultura, a restrição chinesa, mesmo não sendo o país asiático um grande fornecedor direto, gera um efeito cascata significativo. A menor oferta global força países tradicionalmente dependentes da China a buscar alternativas, elevando a pressão sobre os preços dos fertilizantes no mercado internacional.
A expectativa de um retorno das exportações chinesas no primeiro trimestre de 2025, após a conclusão do plantio da safra 2025/26 naquele país, não se concretizou. Além da priorização do ácido fosfórico para a indústria de baterias, a alta nos preços de matérias-primas como o enxofre, fundamental na produção de fosfatados, contribuiu para o adiamento da liberação, agora prevista para maio ou junho.
O setor de fertilizantes brasileiro acompanha de perto essa situação, ciente do impacto direto nos custos de produção agrícola e na necessidade de buscar alternativas de fornecimento em um cenário global cada vez mais competitivo por matérias-primas estratégicas.
GlobalFert, 29/04/2025.